sexta-feira, 5 de abril de 2013

Gritos na Escuridão




Quando os gritos começaram eles ficaram assustados, uns poucos pedestres pararam, outros seguiram em frente querendo sair logo daquele lugar, vez ou outra um carro quebrava naquela parte da estrada e sem soluções a pessoa tinha que esperar alguém passar por ali, mas naquela hora, William e Linda teriam que esperar, mesmo amedrontados ficaram dentro do carro, um conversível vermelho, receosos olhavam com os olhos arregalados para todos os cantos da estrada, o vento, a chuva fininha que teimava em encharcar aos poucos a rua escura, e a ribanceira bem do lado do carro, de repente um chiado e Linda tenta sair do carro, trêmula, mas William segura em seu braço.
- O que foi, ta maluca? Vai sair nesse lugar escuro e debaixo dessa chuva?-William abraçou-a tão forte que Linda pôde sentir seu coração que estava aos pulos.
- Você não ouviu Will, tem alguém lá fora, está nos espiando, eu sei, eu sinto.
- E mesmo com essa sensação você quer ir lá fora? Acalme-se.
- Acho que seria pior nos pegarem aqui dentro, aqui somos alvos fáceis.
- Vamos esperar só mais um pouquinho, de repente alguém passa por aqui.
- Duvido, já estamos aqui há duas horas e você viu pelo menos um animal? Aqui não tem nada, só o vento e essa chuva que está me dando nos nervos, vamos sair daqui, vamos correr até encontrar alguma residência, vamos procurar um telefone... Por favor!
- Não sei por que ainda te dou ouvidos, vamos então, mas se prepare para qualquer coisa, não sei onde estamos.
- Se não sabemos a culpa não é minha, eu te falei que não gostava de atalhos.
Os dois se entreolharam, nos olhos de William brilhava o arrependimento de não tê-la ouvido, mas agora era tarde, abriram a porta do carro, olharam para todos os lados, ninguém, só eles naquele lugar que mais parecia ter saído de um filme de terror com aquelas árvores secas balançando.
Começaram andando, depois de tão apavorados correndo, depois de alguns minutos avistaram uma casa, luz acesa, aquilo aliviou-os, correram até a casa e chamaram, bateram na porta, até que apareceu uma senhora.
- Boa-noite, nosso carro quebrou lá atrás e precisamos de um telefone, será que a senhora poderia nos ajudar?
A senhora nada falou, sorriu e deu-lhes passagem, ao passarem a porta se fechou e gritos ecoaram da cabana, gritos sufocantes.
- Sentem-se e fiquem à vontade, não gritem ninguém irá escutá-los.
- Temos que sair daqui Will, temos que sair daqui... - repetia Linda atordoada.
- Pensei que vocês não iriam sair daquele carro tão cedo, mas felizmente tenho o tempo que vocês não tem para esperá-los... A eternidade.
Pela casa tinha alguns objetos antigos e um caixão, também mais um casal estava num dos cantos da casa e não falavam nada, só fitavam o vazio, os rostos retorcidos apavoraram Linda e William que olhando para a senhora ficaram mudos ao vê-la tornando-se jovem, ali não existia mais uma velhinha com rostinho bondoso e sim uma jovem com um ar estranhamente cruel e sentada esperou que parassem de gritar.
- Bela estrada que me traz refeições cada vez mais saborosas, belo atalho que atrai cada vez mais desavisados. .. Sabia que tinha escolhido bem esse lugar...
A moça agora olhava para Linda e passando a língua nos lábios estendeu a mão e chamou-a, Linda que antes amedrontada, agora obedecia o comando da vampira e levantou-se andando em sua direção, nem os apelos de seu namorado a acordaram daquele transe, e a vampira sem cerimônia nenhuma banqueteou-se de seu sangue na presença de William que desesperado gritava para que soltasse sua amada... Após satisfazer-se a vampira jogou Linda de lado como uma carcaça, e sem contentar-se fez o mesmo com William, com seu chamado, o rapaz não teve como não obedecer e também foi ao encontro de seu algoz, mas para sua surpresa a vampira sussurrou em seu ouvido.
- Você... não quero para refeição, quero que aceite ficar ao meu lado, só não prometo a eternidade, mas prometo que será uma vida que você nunca iria ter se tivesse ao lado da sua namoradinha.
William não tinha escolha, baixou a cabeça e daquele dia em diante tornou-se escravo da vampira, obedecendo-a e como havia prometido, ele estava tendo uma vida como nenhuma outra, mas sempre se lembrava do casal jogado no canto naquela noite e sabia que um dia sua vez chegaria, só lhe restava aproveitar o que sua teimosia havia lhe presenteado.

Nat Vamp.
Beijos Eternos.

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