sexta-feira, 5 de abril de 2013

Nem Mais Lembranças



As marcas de uma vida ainda estavam latentes em minha memória até o século passado, ainda lembrava do resquício de uma família aos poucos atormentada e dizimada a sangue frio, a minha família. E a culpa de tudo isso era minha. Tudo porque o procurei... chamei-o várias vezes até que ele me atendeu... chegou como um redemoínho, levou tudo o que eu tinha, deixando-me sozinha na noite, não sei se noite fria pois, nem isso mais eu sentia, meu corpo parecia dormente e eu pensava que havia contraído uma grave doença, estava definhando dia após dia, até que descobri o remédio da minha doença, sangue, tudo por acaso... um assaltante machucou sua vítima com uma enorme faca e o sangue jorrou, eu que estava à espreita comecei a fazer parte do cenário... me alimentei dos dois, praticamente os devorei e depois me senti mal, um nojo se apossou de mim e saí correndo. O que havia me tornado? Um canibal? Não, pior que isso, eu era um monstro... demorei muito tempo para me aceitar, hoje estou mais tranquila, sei o que sou e por vezes me orgulho disso, mas muitas vezes ainda me pego pensando no passado, dois séculos atrás quando eu era humana, talvez mais feliz, livre de condições macabras. Hoje em dia sou uma predadora, uma vampira, necessito de sangue e me alimento do melhor néctar de maldade da sociedade, a escória, devo até ser um tipo de justiceira, pois as ruas estão mais seguras hoje... bom, pelo menos por um lado... mas também sei que não sou boazinha e de vez em quando saio da linha deliciando-me com a inocência... assim, lembro-me do que perdi e parece doer, mas não dói, não tenho mais nada em mim que inspire vida e breve nem lembranças mais. A cada vítima que pego um pouco de minhas recordações vão com ela, esse é o preço, não sei o que será quando elas se acabarem, será que virarei um monstro por completo? Será que matarei sem medida? Não sei o que acontecerá e nisso vou esperando que esta condição não me leve logo ao estágio mais avançado... se tem mais coisas como eu, sinceramente não sei e decididamente não quero encontrar. 
Nunca vivi em grupo, pra falar a verdade eu tenho raiva de mim por ser o que sou, de outro então... por isso sou uma solitária. E assim vou atravessando os tempos com um amor novo a cada mordida o que não dura mais que uma noite... é... bem que me disseram que eu teria paixões fulminantes. Por enquanto vou ficando por aqui, neste mausoléu, fazendo compania a essa garotinha, aqui é grande e tenho meu próprio caixão, acho que não tem mais ninguém na família dela para vir para cá e quando estou muito triste, toco seu piano... Gosto quando faço isso, sinto o medo da população ao redor do cemitério, eles ficam me escutando por toda noite, por causa disso este lado onde estou ficou abandonado, as árvores cresceram e ficou sombrio... assim ninguém me perturba... tem até uma lenda na cidade sobre a garotinha... a menina do piano... depois eu soube que ela havia morrido quando estava se apresentando e por isso ele está aqui com ela... que união mórbida e linda! Agora tenho que ir atrás de alimento, pois os caçadores desta época pensam muito devagar, se eles viessem me pegar por causa da lenda, como muitos fizeram, eu não precisaria sair... -Melanie, já volto! Fim. 

Nat Vamp 
Blood kisses.


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