sexta-feira, 5 de abril de 2013

Imprudência x Destino



Por quanto tempo ainda ficarei aqui? Ouço lá fora o barulho mortal e até o vôo de uma simples borboleta, mas... não consigo sair, não tenho mais forças, não posso mover um dedo sequer... por que dormi tanto?
(Um tempinho depois)... Maldição! Se eu ainda fosse inexperiente... mas não, em meus séculos pesa o tormento desta odiosa dádiva.
Bom... eu vim parar aqui para um descanso, e vim no intuito do descanso nunca terminar, porque estou tão preocupada? Apesar de saber que mesmo que eu fique aqui por mil anos nunca terei a morte completa, definitiva.. . mas, aceitei ficar neste túmulo que por ironia é o meu próprio, só não sabia que acordaria e ficaria ouvindo a tudo e todos... ora Scath, descanse e procure não pensar em nada, se seu destino for ficar neste cárcere subterrâneo.. . então acostume-se, mas se não for... espere... algo acontecerá e quem sabe você volta a perambular pelas ruas.
A vampira passou algum tempo divagando, mergulhada em dúvidas, o que mais pesava em seu corpo era a desistência, faltava-lhe força de vontade para ficar entre os vivos e não notou que a maior letargia estava em sua mente.
Num dado momento ela achou mesmo que pudesse abreviar mais um pouco sua não-vida, pois estava entrando em novo torpor e foi deixando-se levar na onda da sonolência quando algo inesperado aconteceu e trouxe-a de volta, acordou e agora sem quase forças, tudo que conseguiu fazer foi abrir lentamente os olhos.
Angustiada, pois já estava nesta situação já há alguns anos, começou a inquietar-se, foi quando ouviu o portão do cemitério ser aberto após romperem a corrente que o trancava. Ela sabia que era noite, não entendeu nada, pessoas vindo à um cemitério à noite?... e entendeu menos ainda quando constatou ser um casal, com algum esforço esboçou um sorriso malicioso ao perceber os níveis de excitação dos dois, não estava acreditando, aquela época trouxera para ela dois malucos ou coisa bem melhor.
O casal andou por entre os túmulos e Scath com uma leve sugestão na mente do rapaz fez com que eles parassem em seu túmulo. Não demorou muito e já estavam fazendo amor acima da vampira. Agora sim, ela estava apostando tudo o que tinha, se não conseguisse ir até o final, o torpor agora seria infinito, ou seja, não tinha nada a perder.
Scath continuou de leve na mente do rapaz envolvendo-o, perturbando- o... e no auge da transa ele numa das sugestões da vampira, pôs as mãos no pescoço da namorada. Scath aos poucos sussurrava nos sentidos de sua vítima a sua vontade, era tudo o que ainda podia fazer.
Devagar o rapaz foi apertando suas mãos em volta do pescoço da garota em meio ao calor de seus corpos frenéticos, no início ela gostou e depois quando notou que ele não iria parar ela começou a se apavorar... se debater em baixo dele, gritou seu nome várias vezes mas ele parecia não escutá-la, e com os olhos enfurecidos, ele continuou o que fazia aos comandos da vampira. Continuou apertando dominado por Scath, e começou a bater a cabeça da garota contra o mármore, em seu íntimo ele não queria fazer aquilo, sabia que era errado, mas não dominava sua vontade, e no final aos prantos estourou a cabeça da namorada no mármore branco, o sangue explodiu para todo lado e inclusive infiltrando no túmulo dando à vampira o poderoso néctar que ela tanto precisava... naquele momento ela até voltou a apreciar o sangue novamente... apreciou de tal forma que até parecia que estava prestes a saborear sua primeira vítima.
O sangue brotou nas laterais internas do túmulo e o cheiro ajudou-a a se mover um pouco em sua direção, que ao escorrer pela vampira ela aproveitou o que pôde, cada gota, e mesmo não estando de todo revigorada, afastou a tampa pesada colocando metade do corpo para fora comtemplando a noite e logo olhou para o rapaz que aterrorizado segurava o que havia sobrado da namorada, fitou-o secamente e ainda muito faminta.
Ele segurava o corpo ensanguentado, estava desesperado e emudeceu ao ver Scath sair de dentro da cova... entrou em estado de choque, não conseguiu sair do lugar, não queria largar a morta, não sabia o que fazer.
A vampira olhando-o começou a falar...
- Olá belo mortal... tsc, tsc, tsc, vocês foram tão ingênuos... achou que por aqui só tivesse mortos?... bom... de certa forma... sim, só tem mortos mesmo... mas... eu sou diferente.
Scath notou que no olhar do rapaz ele tinha todo o desespero e isso a excitou, chegou perto dele e arrebatou o corpo da garota jogando-o dentro de sua cova, ela se abaixou e cheirou sua presa, o aroma era de puro medo, ele estava aterrorizado. .. Scath abriu a boca mostrando seus caninos pontudos e logo atacou sua vítima, bebeu com força e muita vontade, drenou todo o sangue daquele que fora tão imprudente. Ao fim, arrancou sua cabeça e jogou as duas partes junto da mulher... não queria descuidar nem um pouco.
Finalmente Scath estava de volta e agora o que a esperava era um mundo deturpado e pervertido e isso era o que mais ela estava adorando... antes de ir contemplou o casal que pareciam dormir, logo fechou a tampa e ganhou o resto da madrugada.

Naty.




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